sábado, 3 de janeiro de 2009

Olhar perdido...

Sempre gozaste comigo porque me emocionava “facilmente”. Ou assim pensavas tu! Dizias, no teu vocabulário tão próprio, que eu “definhava” com todas aquelas coisas que me fazem, efectivamente, “definhar”.
Sempre quiseste demonstrar, com o teu ar brincalhão e despreocupado, que nada te fazia comover, mesmo quando a altura era mesmo propícia a esse tipo de emoções as quais, confesso, por diversas vezes tenho posto a nu. E tu sempre gozaste comigo!, mas como bem sabes, nada do que pudesses dizer me faria agir de outra maneira.
Mas ontem, naquele banco animado, tu comoveste-te. Não sei de que te estavas a lembrar, nem sei que estavas a recordar, mas o que é certo é que te comoveste. Podes dizer que foram mil e uma coisas, podes justificar-te dizendo que o motivo residia nos consecutivos copos vazios que tínhamos em cima da mesa. Mas comoveste-te!
Na verdade, eu sempre soube que por detrás dessa menina-de-ferro estava uma rapariga com emoções, mas emoções que não são tidas para serem partilhadas em grupo.
Nessa altura comovi-me também, assim como me estou a comover por estar a escrever este texto. E comovi-me, não que partilhasse da mesma angustia que te enchia o olhar vazio de lágrimas rasantes, mas porque sempre me habituei a ver-te como a rapariga-hiperactiva-que-está-sempre-em-grande-animação-e-pronta-para-a-rambóia-que-nunca-se-comove-com-coisas-lamechas.
Ninguém reparou. E apeteceu-me abraçar-te. Mas achei que não iria ajudar-te. Precisamente porque ninguém reparou.
Lembrei-me de escrever este texto. Curto. Porque te queixaste que redijo sempre crónicas muito grandes.
Não me vou esquecer do teu olhar perdido nas brumas do passado. Porque há coisas que gosto de deixar escritas no meu bloco de memórias!...

1 comentário:

Meire disse...

Olá, primeiro que tudo quero dar os parabéns pelo texto e por finalmente ter feito o post ;p. Em relação ao texto, devo dizer que não me supreendeu com o que escreveu, pois conhecendo o menino, como conheço, já sabia que ia ser assim, no entanto devo dizer que afinal não sou assim tão transparente como dizem que sou, digo isto, não em relação às emoções. Porque as verdadeiras emoções, essas transparecem sempre. Referimo-se sim ao facto de achares que sou uma rapariga durona, isto é, as pessoas tem uma ideia que uma pessoa alegre, que não desconta em cima dos outros os seus problemas, que não embirra com os outros, só porque esta chateada c/ uma pessoa, e rotulada c/o sendo uma pessoa de poucas emoções e muitas vezes apelidada de "fria". Embora, não tenha que me justificar de nada, tenho-lhe a dizer que sou mais emocional do que o menino pensa, mas sabe, cada um tem a sua forma de se expressar, e eu sou assim, como bem sabe. Só para terminar, eu não gozo com as suas emoções, é apenas uma brincadeira e também brinco ctg, porque tenho confiança e avontade para tal ;p Enfim, acho que fico por aqui e não o chateio mais.
Beijos e continua a escrever ;p