domingo, 12 de abril de 2009

Carnaval na rua, Páscoa no café...

Sinceramente, a Páscoa não é aquele momento do ano que, enfim, mais significado tenha para mim. Tradicionalmente, época de recolhimento, reflexão e contrição, mas também de saudosas reuniões familiares, para mim não há nada disto, o que se justifica tão simplesmente por dois factos: não sou um religioso fervoroso e não tenho família para andar a reunir em grandes almoços feitos do desfiar das (mesmas e recorrentes) recordações genealógicas.
Os dias aparentemente solarengos e amenos escondiam noites profundamente gélidas e invernais, que desencorajavam qualquer saída prolongada e desagasalhada. No entanto, foi precisamente durante esses dias aparentemente solarengos e amenos e durante as noites profundamente gélidas e invernais que eu aproveitei para vos ver, para vos sentir, para vos ouvir e para vos radiografar visualmente, guardando os vossos contornos enquanto o tempo, a distância e as nossas vidas não permitam um novo reencontro.
Tinha tantas saudades vossas, tantas… São, no fundo, as recordações presentes dum passado não muito longínquo, mas cada vez mais longínquo.
Falamos sobre tudo porque não temos segredos, não temos vergonhas, não temos espaços nossos porque tudo é de todos. Antecipamos as opiniões, completamos as frases, adivinhamos os olhares e interpretamos os pensamentos simplesmente porque nos conhecemos uns aos outros como a nós próprios. E isso é tão bonito… e encontra-se tão pouco ao longo da vida…
As recordações voam, as opiniões pululam, os sonhos emergem e suspiram-se os desaires. Mas fazemos tudo isto porque nós somos nós, e não permitimos a admissão de mais ninguém!
Por agora, as despedidas! Cada um vai regressar ao seu meio, à sua outra vida, a vida que se faz lá, nos sítios de lá, com as pessoas de lá, nos horários de lá e cos quotidianos de lá.

Temos crescido tanto, não temos? Tenho notado tanto isso…

Ainda agora nos despedimos, e eu já tenho saudades…

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