terça-feira, 10 de março de 2009

Falsa abstracção

Tento esquecer-me, tento abstrair-me, ignorar a contagem decrescente acelerada, demasiadamente acelerada. Mas é aí que surge a mensagem, a palavra, a conversa, o rosto, o sorriso, a memória e a saudade.
Começa a fase das decisões. Antecipa-se a fase das despedidas, que não são verbalizadas, apenas visualizadas entre uma névoa de comoção e anseio.
Vejo-vos… Revejo-vos… estão todos aqui, todos os dias.
Cada flash captou-nos e imortalizaram os sorrisos, os espaços, os momentos. E é por isso que aqui vos tenho, para vos ver dia após dia, todos os dias.
Quem me dera que tudo tivesse sido mais cor-de-rosa, mais perfeito, (ainda) mais feliz. Quem me dera que as despedidas não custassem tanto, mas vão custar, não vão?
Têm elogiado o blog, o meu blog, onde descargo todas estas anotações, repositório de mim e de nós. Arquivo de emoções, gaveta de recordações, de fotografias textuais, da dualidade do tudo e do nada, do implícito e do explícito, porque há contornos que nem as palavras conseguem exprimir.
Às vezes pergunto-me do que vou ter mais saudades… Obviamente que não encontro resposta, porque é notoriamente mais difícil encontrar uma resposta que formularmos uma pergunta.
Uma lagrimazinha assoma aos olhos, de vez em quando, a garganta treme e a voz falha. Quem me dera poder dizer tudo o que queria antes do meu coração desobedecer às ordens da mente e da razão. Como tu dizes, talvez arranjemos um part-time num qualquer anúncio de uma qualquer marca de lenços e demais derivados…

Tento esquecer-me, tento abstrair-me, mas nem sempre sou capaz…

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